Enquanto os portugueses se distraem com os últimos smartphones, uma revolução tecnológica está a acontecer nas sombras. As redes 5G não são apenas sobre velocidade - estão a redefinir radicalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos conectamos. Nos últimos meses, operadoras como a NOS, Meo e Vodafone têm estado a instalar milhares de novas antenas por todo o país, muitas vezes sem que a maioria dos cidadãos sequer se aperceba.
O que torna esta geração diferente não é apenas a velocidade - embora seja impressionante. Enquanto o 4G nos dava velocidades que permitiam streaming de vídeo, o 5G oferece latências tão baixas que tornam possível a cirurgia remota, carros autónomos em tempo real e fábricas inteligentes que se auto-gerem. Em Portugal, já existem projetos piloto em hospitais onde médicos podem operar pacientes a centenas de quilómetros de distância, com precisão milimétrica.
Mas esta transformação não está isenta de controvérsia. Grupos de cidadãos em várias localidades têm protestado contra a instalação de novas antenas, citando preocupações com saúde pública e impacto visual. A ANACOM garante que os níveis de radiação estão dentro dos limites de segurança internacionais, mas o debate continua aceso nas assembleias municipais de norte a sul do país.
O setor empresarial está a adotar a tecnologia a um ritmo acelerado. Pequenas e médias empresas que antes dependiam de ligações de fibra ótica estão agora a descobrir que o 5G pode oferecer conectividade de alta qualidade sem a necessidade de infraestrutura física complexa. Uma fábrica de calçado no norte do país reduziu em 40% os seus custos de conectividade ao migrar para soluções 5G industrial.
Na agricultura, os sensores conectados via 5G estão a revolucionar práticas centenárias. Vinhas no Alentejo usam agora drones com conectividade 5G para monitorizar precisamente a maturação das uvas, enquanto no Ribatejo, sistemas de irrigação inteligente poupam milhões de litros de água anualmente.
O turismo também está a ser transformado. Hotéis em Lisboa e Porto oferecem experiências de realidade aumentada que seriam impossíveis sem a baixa latência do 5G, enquanto museus criam visitas virtuais imersivas que atraem visitantes mesmo fora de época alta.
No entanto, especialistas alertam para os riscos de uma divisão digital ainda mais profunda. Enquanto as grandes cidades desfrutam de cobertura quase total, muitas zonas rurais continuam com conectividade limitada ou inexistente. O Plano de Ação para a Transição Digital promete cobrir todo o território até 2025, mas comunidades remotas receiam ficar para trás nesta nova revolução industrial.
A segurança cibernética emerge como outra preocupação crucial. Com milhões de dispositivos conectados através do 5G - desde semáforos inteligentes a sistemas de saúde - a superfície de ataque expande-se exponencialmente. Peritos em cibersegurança alertam que Portugal precisa de investir urgentemente em proteção de infraestruturas críticas.
O futuro trará ainda mais transformações. Especialistas preveem que dentro de cinco anos, o 6G começará a ser testado, prometendo velocidades até 100 vezes superiores ao 5G. Mas para já, o desafio é garantir que todos os portugueses possam beneficiar igualmente desta revolução que já está em curso - muitas vezes sem que nos demos conta.
A revolução silenciosa das redes 5G: como está a transformar Portugal
