Os carros modernos estão cada vez mais equipados com tecnologias que prometem tornar as estradas mais seguras. Desde o alerta de colisão frontal até ao assistente de manutenção de faixa, estes sistemas estão a revolucionar a forma como conduzimos. Mas como é que estas inovações afectam o seu seguro automóvel? As seguradoras começam agora a adaptar-se a esta nova realidade, embora ainda haja muitas perguntas por responder.
Um estudo recente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária mostra que veículos equipados com sistemas ADAS (Advanced Driver Assistance Systems) têm 40% menos probabilidade de se envolverem em acidentes graves. No entanto, a maioria dos portugueses desconhece como estas tecnologias influenciam os prémios de seguro. "Há uma grande assimetria de informação entre condutores e seguradoras", confirma Miguel Santos, especialista em seguros automóveis.
As telemetrias instaladas nos veículos modernos recolhem dados em tempo real sobre os hábitos de condução. Travagens bruscas, acelerações súbitas e até o cumprimento dos limites de velocidade são monitorizados constantemente. Esta informação pode ser usada para personalizar prémios, beneficiando os condutores mais cuidadosos. Mas será que estamos preparados para esta vigilância constante?
A privacidade dos dados recolhidos pelos sistemas dos veículos levanta questões éticas importantes. Quem é dono destas informações? Como são protegidas? E o que acontece em caso de ciberataque? Estas são algumas das questões que especialistas em protecção de dados estão a colocar às fabricantes e seguradoras.
O mercado português de seguros automóvel está numa encruzilhada tecnológica. Enquanto algumas companhias oferecem descontos significativos para carros com sistemas de segurança avançados, outras mantêm-se cépticas quanto à sua eficácia real. "Ainda não temos dados suficientes a longo prazo para avaliar o impacto real destas tecnologias nos sinistros", admite Carla Mendes, directora de uma grande seguradora nacional.
Os condutores de veículos eléctricos enfrentam desafios adicionais. A tecnologia das baterias, os custos de reparação especializados e a ainda limitada rede de oficinas certificadas fazem com que os seguros para estes veículos sejam consideravelmente mais caros. No entanto, os sistemas de segurança avançados que muitos trazem de série podem ajudar a equilibrar esta equação.
A legislação europeia está a evoluir rapidamente. A partir de 2024, todos os veículos novos terão de incluir sistemas como o assistente de velocidade inteligente e a frenagem automática de emergência. Esta medida vai obrigar as seguradoras a reverem completamente as suas tabelas de risco e prémios.
Os peritos aconselham os consumidores a informarem-se bem antes de comprar um veículo com tecnologia avançada. Perguntar sobre o impacto nos custos do seguro, a compatibilidade com diferentes seguradoras e a política de privacidade de dados são passos essenciais. "Não se deixem seduzir apenas pela tecnologia - percebam todas as implicações", recomenda Pedro Almeida, consultor automóvel.
O futuro dos seguros automóvel passa inevitavelmente pela personalização extrema. Os prémios serão calculados com base no comportamento individual de cada condutor, no tipo de estradas que percorre e até nas condições meteorológicas a que está exposto. Esta revolução trará mais justiça ao sistema, mas também novos desafios de privacidade e transparência.
Enquanto aguardamos por estas mudanças, uma coisa é certa: a relação entre tecnologia automóvel e seguros nunca mais será a mesma. Os condutores portugueses terão de se adaptar a um novo paradigma onde os dados são tão importantes como a experiência ao volante.
Seguro automóvel: o que muda com os novos sistemas de assistência à condução
