O futuro dos seguros automóvel: como a tecnologia está a revolucionar a proteção do seu carro

O futuro dos seguros automóvel: como a tecnologia está a revolucionar a proteção do seu carro
Quando pensamos em seguros automóvel, a imagem que nos vem à mente é muitas vezes a de burocracia interminável, prémios anuais e aquele momento de pânico quando temos de preencher a declaração amigável. Mas o setor está a passar por uma transformação silenciosa que promete mudar completamente a forma como protegemos os nossos veículos.

A telemetria já não é apenas uma palavra de especialistas. Milhares de condutores portugueses estão agora a usar aplicações que monitorizam o seu estilo de condução, oferecendo descontos significativos nos prémios de seguro. Esta revolução baseia-se num princípio simples: quem conduz melhor, paga menos. Mas será que estamos a trocar a nossa privacidade por algumas dezenas de euros de desconto?

As seguradoras estão a investir milhões em inteligência artificial capaz de prever acidentes antes mesmo que estes aconteçam. Sistemas que analisam padrões de condução, condições meteorológicas e até o estado emocional do condutor através de sensores no volante. Parece ficção científica, mas já está a ser testado em várias frotas empresariais em Portugal.

O seguro pay-as-you-drive está a ganhar popularidade entre os jovens condutores e quem utiliza pouco o automóvel. Em vez de pagar um prémio fixo anual, os condutores pagam consoante os quilómetros percorridos. Para quem trabalha em regime de teletrabalho ou utiliza maioritariamente transportes públicos, esta pode ser a solução ideal para reduzir custos.

Mas nem tudo são rosas nesta nova era dos seguros. A coleta massiva de dados levanta questões sérias sobre privacidade e segurança. O que acontece se os dados dos nossos hábitos de condução forem hackeados? E se as seguradoras começarem a usar esta informação para recusar cobertura a condutores considerados 'de risco'?

A sustentabilidade também entrou na equação dos seguros. Muitas seguradoras já oferecem descontos para veículos elétricos e híbridos, reconhecendo que estes veículos não só poluem menos como tendem a estar envolvidos em menos acidentes devido às suas tecnologias de segurança avançadas.

O fenómeno dos carros autónomos coloca desafios completamente novos. Quem é responsável num acidente envolvendo um veículo que se conduz sozinho? O proprietário? O fabricante? O programador do software? As seguradoras e os legisladores ainda estão a tentar encontrar respostas para estas questões.

Em Portugal, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões tem acompanhado estas mudanças com atenção, procurando equilibrar a inovação com a proteção dos consumidores. Recentemente, emitiu diretrizes sobre o uso de dados pessoais nos seguros telemáticos, estabelecendo limites claros para o que as seguradoras podem e não podem fazer.

Os peritos preveem que nos próximos cinco anos, os seguros tradicionais serão praticamente inexistentes para os novos contratos. A personalização total será a norma, com cada condutor a pagar exatamente pelo risco que representa. Mas será que esta segmentação extrema não criará uma nova forma de discriminação?

Para os consumidores, a mensagem é clara: informem-se bem antes de aceitar qualquer sistema de monitorização. Leiam as letras pequenas, compreendam que dados estão a ser recolhidos e como serão utilizados. A poupança imediata pode não compensar a perda de privacidade a longo prazo.

O futuro dos seguros automóvel está a ser escrito agora mesmo, nas salas de reunião das seguradoras, nos laboratórios de tecnologia e, principalmente, nas estradas portuguesas. Cabe a cada um de nós decidir que papel quer ter nesta revolução silenciosa que está a transformar uma das relações mais antigas entre condutores e as suas viaturas.

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