Quando adotamos um animal de estimação, raramente pensamos nos custos inesperados que podem surgir. Aquele olhar doce que nos conquista no abrigo ou na loja esconde uma realidade que muitos tutores só descobrem quando é tarde demais: os cuidados veterinários em Portugal podem custar mais do que um salário mínimo. E não estamos a falar apenas de emergências - as consultas de rotina, vacinas e tratamentos preventivos acumulam-se ao longo dos anos como gotas que formam um oceano de despesas.
A verdade é que poucos portugueses sabem que existem seguros para animais que funcionam de forma semelhante aos seguros de saúde humanos. Estas apólices cobrem desde acidentes até doenças crónicas, passando por cirurgias e até tratamentos alternativos como fisioterapia ou acupuntura. O problema? A maioria das pessoas só descobre esta opção quando o veterinário apresenta uma conta de milhares de euros e não há poupanças que cheguem.
Mas atenção: nem todos os seguros são iguais. Alguns excluem raças consideradas de risco, outros não cobrem animais com mais de oito anos, e há mesmo empresas que recusam cobrir condições pré-existentes. É preciso ler a letra pequena com a mesma atenção que teríamos ao comprar uma casa ou um carro. Afinal, estamos a falar da saúde de um membro da família.
O mercado português de seguros para animais está em crescimento, mas ainda engatinha comparado com outros países europeus. Enquanto no Reino Unido cerca de 50% dos cães têm seguro, em Portugal essa percentagem não chega aos 10%. Esta diferença explica-se não só por questões culturais, mas também pela falta de informação sobre como funcionam estes produtos.
Muitos tutores questionam-se: vale mesmo a pena pagar mensalmente por um seguro que pode nunca ser usado? A resposta é simples: sim, quando precisamos dele. Uma cirurgia de emergência pode custar entre 500 e 3000 euros, dependendo da complexidade. Uma apólice básica custa em média 15 euros por mês para um cão adulto. Fazendo as contas, em dois anos pagaríamos 360 euros - menos do que muitas cirurgias custam.
Há histórias que merecem ser contadas. Como a da Maria, uma reformada de Setúbal cujo Yorkshire precisou de uma operação cardíaca que custou 2500 euros. Sem seguro, teria de optar pela eutanásia. Ou a do Rui, de Braga, cujo gato desenvolveu diabetes e precisa de insulina diária - as despesas mensais seriam insustentáveis sem a cobertura do seguro.
Os especialistas recomendam que se contrate o seguro quando o animal é jovem e saudável. Assim, evita-se que condições desenvolvidas mais tarde sejam consideradas pré-existentes e excluídas da cobertura. É como investir na prevenção: mais barato e menos stressante do que lidar com uma emergência sem fundos.
As seguradoras estão a adaptar-se às necessidades dos portugueses. Já existem apólices que incluem consultas de rotina, vacinas e até ração especial prescrita por veterinário. Outras oferecem serviços adicionais como hotline veterinária 24 horas ou assistência em viagem. A personalização é a chave para encontrar o plano certo para cada animal e orçamento.
O que poucos sabem é que alguns seguros cobrem não apenas tratamentos médicos, mas também responsabilidade civil. Se o teu cão morder alguém ou causar danos materiais, a seguradora assume os custos. Para raças consideradas potencialmente perigosas, esta cobertura não é um luxo - é uma obrigação legal em muitos casos.
A escolha do seguro deve ser tão cuidadosa quanto a escolha do próprio animal. Comparar coberturas, limites anuais, franquias e exclusões é essencial. E não nos esqueçamos de verificar a rede de veterinários parceiros - alguns seguros só reembolsam despesas em clínicas convencionadas.
O futuro dos seguros para animais em Portugal parece promissor. Com o aumento do número de pets nas famílias portuguesas e a crescente humanização dos cuidados veterinários, é natural que mais pessoas procurem esta proteção. As seguradoras respondem com produtos mais flexíveis e acessíveis, adaptando-se às realidades económicas do país.
No final, a decisão de contratar um seguro resume-se a uma questão: quanto vale a paz de espírito? Saber que, independentemente do que aconteça, o nosso companheiro terá os melhores cuidados disponíveis sem que isso signifique a ruína financeira da família. Para muitos tutores, essa segurança não tem preço - mas felizmente, tem um custo mensal bastante acessível.
Seguro para animais: o que ninguém te conta sobre proteger o teu companheiro de quatro patas
