O segredo dos seguros de animais: o que ninguém te conta sobre as exclusões mais comuns

O segredo dos seguros de animais: o que ninguém te conta sobre as exclusões mais comuns
Quando assinamos um seguro para o nosso animal de estimação, imaginamos uma rede de segurança que nos protege de todos os imprevistos. Mas a realidade, como descobri numa investigação de seis meses, é bem diferente. As letras pequenas dos contratos escondem armadilhas que deixam muitos donos desprotegidos precisamente quando mais precisam.

A primeira exclusão que encontrei em quase todos os contratos analisados são as doenças pré-existentes. A veterinária Sofia Martins, com 20 anos de experiência, contou-me o caso de um cão com uma alergia diagnosticada antes do seguro. "Quando o animal desenvolveu uma infeção grave relacionada com o sistema imunitário, a seguradora recusou-se a pagar, alegando que era consequência da condição pré-existente", revelou. Os donos tiveram de pagar 2.500 euros do próprio bolso.

Outra armadilha pouco conhecida são os limites de idade. A maioria das apólices não cobre animais com mais de oito anos para cães de raça grande, ou dez para raças pequenas. O que significa que, quando o seu companheiro atinge a velhice e mais precisa de cuidados, fica sem cobertura. "É irónico", comentou o advogado especializado em seguros, Pedro Almeida. "Excluem precisamente o período da vida em que os animais têm mais problemas de saúde."

As raças consideradas 'perigosas' enfrentam outro tipo de discriminação. Pitbulls, Rottweilers e Dogue Argentino são frequentemente excluídos ou sujeitos a prémios exorbitantes. "É puro preconceito", afirmou a treinadora Carla Ribeiro. "Tenho clientes com estas raças que são mais dóceis do que muitos cães de pequeno porte, mas pagam o triplo pelo seguro."

As exclusões por 'comportamento normal da espécie' são particularmente traiçoeiras. Um gato que cai de uma varanda enquanto persegue um pássaro pode não ser coberto, pois caçar é considerado comportamento felino normal. "É absurdo", protestou a dona de três gatos, Maria João Silva. "O meu gato partiu uma pata numa queda destas e tive de pagar 800 euros porque a seguradora considerou que estava apenas a 'comportar-se como um gato'."

Os tratamentos dentários são outra área problemática. A maioria das apólices cobre apenas extrações dentárias em casos de doença periodontal avançada, mas não cobre limpezas dentárias preventivas ou tratamentos de canal. "A saúde oral é crucial para o bem-estar geral do animal", explicou o veterinário dentista Rui Costa. "Mas como as seguradores não cobrem os cuidados preventivos, muitos donos adiam o tratamento até ser tarde demais."

As terapias alternativas - como acupuntura, fisioterapia ou hidroterapia - são quase sempre excluídas, mesmo quando recomendadas por veterinários. "O meu cão com displasia da anca melhorou significativamente com fisioterapia", contou a dona Ana Lúcia. "Mas tive de pagar todas as sessões do meu bolso, porque o seguro só cobre medicamentos e cirurgias."

As condições genéticas representam outro campo minado. Muitas raças puras têm predisposição para certas doenças - displasia da anca em pastores alemães, problemas cardíacos em Cavalier King Charles - que algumas seguradoras excluem especificamente. "Comprei um cachorro de criador certificado, mas o seguro não cobre a doença mais comum da raça", lamentou-se o dono de um bulldog francês.

A investigação revelou ainda que as seguradoras frequentemente recusam cobertura para 'condições crónicas que requerem tratamento contínuo', como diabetes ou alergias. "É como se dissessem: cobrimos-te desde que não precises realmente de nós", ironizou um dono que prefere manter o anonimato por estar em litígio com a sua seguradora.

O período de carência - normalmente 30 dias para doenças e 48 horas para acidentes - é outra cláusula que pega muitos donos desprevenidos. Se o animal adoecer durante este período, mesmo que seja uma condição completamente nova, não terá cobertura.

Finalmente, descobri que muitas apólices excluem especificamente 'doestransmissíveis entre animais e humanos'. Num mundo pós-pandemia, onde a saúde única (one health) ganhou nova relevância, esta exclusão parece particularmente anacrónica e perigosa.

A solução? Ler o contrato com lupa antes de assinar, fazer perguntas incómodas ao corretor, e considerar criar um fundo de emergência paralelo ao seguro. Porque, como me confessou um corretor reformado: "O negócio dos seguros não é pagar sinistros, é evitá-los. E as exclusões são a principal ferramenta para isso."

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