Os seguros estão a passar por uma transformação silenciosa em Portugal, impulsionada por directivas europeias que prometem revolucionar a forma como protegemos os nossos bens e a nossa saúde. A nova legislação, que entra em vigor no próximo trimestre, traz consigo alterações profundas que todos os portugueses devem conhecer.
As seguradoras nacionais preparam-se para adaptar as suas políticas às exigências de Bruxelas, num movimento que visa aumentar a transparência e reduzir os custos para os consumidores. Especialistas alertam, no entanto, que estas mudanças podem trazer surpresas desagradáveis para quem não se mantiver informado.
Um dos aspectos mais relevantes prende-se com os seguros multirriscos habitacionais. As novas regras obrigam as companhias a especificar com maior clareza as coberturas e exclusões, eliminando as chamadas 'letras pequenas' que tantas dores de cabeça têm causado aos portugueses em situações de sinistro.
No sector automóvel, a revolução é ainda mais significativa. A telemetria – tecnologia que monitoriza os hábitos de condução através de dispositivos instalados nos veículos – promete personalizar os prémios de acordo com o comportamento real ao volante. Condutores cautelosos poderão ver as suas mensalidades reduzidas em até 30%.
A saúde não fica de fora desta transformação. Os seguros de saúde terão de incluir coberturas mínimas obrigatórias para doenças crónicas e tratamentos prolongados, respondendo a uma das maiores críticas dos consumidores: a limitação de reembolsos em situações de doença grave.
Os especialistas financeiros recomendam que os portugueses revejam as suas apólices com urgência. 'Muitas pessoas têm seguros desactualizados que não reflectem as suas reais necessidades nem as novas protecções legais', explica Maria Silva, consultora de seguros com 20 anos de experiência.
A digitalização do sector é outra tendência irreversível. Plataformas online permitem agora comparar dezenas de propostas em minutos, mas os analistas alertam para os perigos da escolha baseada apenas no preço. 'O mais barato pode sair caro quando chega a hora de usar o seguro', adverte João Martins, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores.
As alterações climáticas introduzem novas variáveis na equação seguradora. Incêndios florestais, cheias e outros fenómenos extremos estão a forçar as seguradoras a reavaliar os riscos em certas zonas do país, com reflexos directos nos prémios e nas condições de cobertura.
Para as empresas, as mudanças são igualmente profundas. Os seguros de responsabilidade civil profissional terão de adaptar-se às novas realidades do teletrabalho e dos riscos cibernéticos, áreas que ganharam importância crítica nos últimos anos.
O consumidor português sai reforçado com estas alterações, mas a educação financeira continua a ser o maior desafio. Conhecer os próprios direitos e deveres, comparar propostas com critério e não ter receio de negociar são conselhos que todos deveriam seguir.
O futuro dos seguros em Portugal parece promissor, com mais transparência e protecção para os cidadãos. No entanto, como em qualquer revolução, os primeiros a adaptarem-se serão os que colherão maiores benefícios.
Seguros em Portugal: o que muda com a nova legislação europeia e como proteger o seu património
