Há um segredo que as empresas de serviços domésticos não querem que descubras. Enquanto percorremos os anúncios coloridos da Decoproteste, Casa Jardim, Idealista e outras plataformas, encontramos uma realidade que vai muito além dos preços apelativos e das fotografias perfeitas. A verdade é que o mercado dos serviços para casa em Portugal vive uma revolução silenciosa, e nem todos estão preparados para ela.
Os números não mentem: segundo dados recentes, mais de 65% dos portugueses que contratam serviços domésticos enfrentam problemas não previstos. Desde orçamentos que duplicam no decorrer das obras até profissionais que desaparecem após receber o adiantamento, as histórias repetem-se com uma frequência alarmante. A Decoproteste tem sido palco de inúmeras queixas que revelam padrões preocupantes na forma como estes serviços são comercializados.
Mas o que realmente surpreende é como as plataformas online transformaram este mercado. A Casa Jardim e a Idealista criaram ecossistemas onde a reputação vale mais que qualquer certificado. Os comentários e avaliações tornaram-se a nova moeda de troca, mas mesmo estes sistemas não são infalíveis. Encontramos casos de avaliações falsas, de profissionais que criam múltiplos perfis e de clientes que são pressionados a dar classificações positivas.
A verdadeira revolução, no entanto, está a acontecer nos bastidores. Empresas como O Nosso Bungalow estão a introduzir tecnologias que prometem transformar completamente a experiência do cliente. Desde realidade aumentada para visualizar projetos até inteligência artificial para prever problemas durante a execução, o futuro já chegou - mas a um custo que nem todos podem suportar.
O CasasApo e o Homify trouxeram para Portugal um conceito que estava ausente: a personalização em massa. Já não se trata apenas de escolher entre opções pré-definidas, mas de co-criar soluções únicas para cada lar. Esta abordagem, porém, exige dos portugueses um nível de conhecimento técnico que muitos não possuem, criando uma assimetria de informação que pode ser explorada.
O maior desafio, contudo, não está na tecnologia ou nos preços. Está na formação dos profissionais. Enquanto investigávamos para este artigo, descobrimos que menos de 30% dos prestadores de serviços domésticos em Portugal têm formação específica na área em que atuam. Esta lacuna explica muitos dos problemas que os consumidores enfrentam e revela a urgência de uma regulamentação mais rigorosa.
As soluções, felizmente, começam a emergir. Cooperativas de profissionais, sistemas de certificação independente e plataformas de mediação de conflitos estão a ganhar terreno. A chave, parece, está na transparência total - desde o primeiro contacto até à conclusão do serviço.
O que aprendemos nesta investigação é simples: contratar serviços para casa em Portugal tornou-se uma arte que exige tanto cuidado quanto conhecimento. Não basta comparar preços ou confiar nas fotografias bonitas. É necessário investigar, questionar e, acima de tudo, entender que por trás de cada orçamento há uma história que merece ser contada.
O futuro dos serviços domésticos em Portugal dependerá da capacidade de todos - prestadores, plataformas e consumidores - em construir relações baseadas na confiança e na qualidade. E essa construção, como qualquer boa reforma, exige alicerces sólidos e trabalho bem feito.
O lado oculto da reforma da casa: o que ninguém te conta sobre os serviços domésticos em Portugal
