Percorremos os principais sites portugueses de decoração, imobiliário e bricolage — do decoproteste.pt ao homify.pt, passando pelo casasapo.pt e idealista.pt — e descobrimos um padrão preocupante. Enquanto as fotografias mostram salas imaculadas e jardins de sonho, a realidade por trás das paredes é muitas vezes feita de orçamentos rebentados, materiais de qualidade duvidosa e promessas que nunca saem do papel.
A primeira armadilha surge logo na fase do planeamento. Sites como o casasapo.pt e idealista.pt exibem propriedades com potencial infinito, mas raramente mencionam os custos escondidos da renovação. Uma cozinha aberta pode parecer o epítome da modernidade, mas quantos sabem que remover uma parede de carga pode acrescentar milhares de euros ao projeto? E os sistemas eléctricos antigos, que exigem uma restruturação completa para suportar os novos electrodomésticos?
Nossobungalow.pt e casa.jardim.pt focam-se nos espaços exteriores, criando a ilusão de que um jardim perfeito é apenas uma questão de plantar algumas flores. A verdade é mais complexa. A escolha das plantas erradas para o tipo de solo ou exposição solar pode transformar um paraíso verde num cemitério de vegetação em poucos meses. E ninguém fala dos sistemas de rega automática que, quando mal instalados, podem aumentar a factura da água em 30%.
A moda dos materiais naturais esconde outro perigo. O mármore e a madeira maciça são apresentados como investimentos para a vida, mas requerem manutenções especializadas que poucos orçamentos contemplam. Encontramos casos no decoproteste.pt de consumidores que gastaram fortunas em bancadas de mármore, apenas para as ver manchar irremediavelmente com o primeiro derrame de azeite.
Os contratos são talvez a área mais obscura. Muitas empresas de decoração trabalham com acordos verbais ou documentos tão vagos que deixam espaço para interpretações perigosas. O que significa exatamente "acabamentos de qualidade"? Que garantias têm os materiais? E quem responde quando algo corre mal seis meses depois da obra estar concluída?
A sustentabilidade tornou-se um chavão vazio em muitos destes sites. Anunciam-se tintas ecológicas e materiais reciclados, mas raramente se explicam os certificados necessários para validar essas alegações. Um sofá pode ser vendido como "amigo do ambiente" enquanto usa espumas altamente poluentes na sua estrutura interna.
As redes sociais agravaram o problema, criando uma corrida ao espaço perfeito que ignora a funcionalidade. Quartos de crianças decorados como cenários de revista são impraticáveis para a vida real, e cozinhas minimalistas deixam zero espaço para os utensílios do dia-a-dia. A pressão estética sobrepõe-se ao conforto e à praticidade.
Por fim, há o mito do faça-você-mesmo. Sites como o homify.pt mostram projetos aparentemente simples que qualquer um poderia replicar. Mas entre o tutorial online e a realidade há um abismo de conhecimentos técnicos. Instalar um pavimento flutuante pode parecer fácil até se descobrir que o subsolo não está nivelado, ou que a humidade residual vai arruinar o investimento em menos de um ano.
A solução? Informação, sempre. Pedir orçamentos detalhados por escrito, exigir referências de trabalhos anteriores, consultar especialistas independentes antes de assinar qualquer contrato. A beleza de uma casa não deve custar a paz de espírito de quem nela habita.
O lado oculto da decoração: como as tendências escondem armadilhas para o consumidor