O lado oculto da compra e renovação de casas em Portugal: o que os sites não te contam

O lado oculto da compra e renovação de casas em Portugal: o que os sites não te contam
Quando navegamos pelos populares sites imobiliários portugueses - do Deco Proteste ao Idealista, passando pelo CasasApo e Homify - somos inundados com imagens perfeitas de casas de sonho. Mas há uma realidade que estes portais raramente mostram: o verdadeiro custo emocional e financeiro por trás de cada transação. Como jornalista que acompanha o sector há anos, descobri que os portugueses estão a comprar problemas juntamente com as suas casas.

A primeira grande ilusão começa com os preços anunciados. Nos sites analisados, os valores parecem convidativos, mas escondem uma teia de custos adicionais que podem aumentar a despesa final em até 15%. Desde as comissões das imobiliárias até aos impostos municipais, passando pelos honorários dos advogados, o orçamento inicial rapidamente se transforma num pesadelo financeiro. Muitas famílias só descobrem esta realidade quando já estão emocionalmente comprometidas com a compra.

A qualidade da construção é outra área onde os portais falham redondamente. As fotografias profissionais e os descritivos elaborados criam expectativas irreais sobre o estado real dos imóveis. Visitei dezenas de propriedades anunciadas como 'excelente estado' que escondiam infiltrações, problemas estruturais e instalações eléctricas perigosas. Os compradores, especialmente os estrangeiros atraídos pelo sol português, tornam-se vítimas de um sistema que privilegia a venda rápida sobre a transparência.

Os sites especializados em bricolage e renovação, como o Casa Jardim e O Nosso Bungalow, oferecem conselhos aparentemente úteis, mas raramente alertam para os perigos das remodelações caseiras. Encontrei casos de famílias que seguiram tutoriais online e acabaram com problemas graves de humidade ou mesmo violações de regulamentos de segurança. A moda do 'faça você mesmo' está a criar uma geração de proprietários que desconhecem os riscos das suas próprias intervenções.

A questão da sustentabilidade é particularmente preocupante. Enquanto os portais destacam piscinas e jardins exuberantes, poucos mencionam o impacto ambiental destas propriedades ou os custos de manutenção a longo prazo. As casas modernas, apesar de bonitas nas fotografias, são muitas vezes autênticos desertos energéticos que consomem recursos como se não houvesse amanhã.

O mercado de arrendamento apresenta os seus próprios desafios. Os anúncios no Idealista e CasasApo mostram rendas aparentemente acessíveis, mas escondem cláusulas abusivas e condições de habitabilidade questionáveis. Encontrei inquilinos a pagar por apartamentos com moldes visíveis e sistemas de aquecimento deficientes, tudo dentro da legalidade graças a lacunas na legislação portuguesa.

A burocracia é outro calvário que os sites não preveem. O processo de compra e venda em Portugal envolve tantos intermediários e documentos que muitas transações falham no último minuto. As famílias gastam poupanças em avaliações e advogados para depois descobrirem que o imóvel tem ônus ocultos ou problemas de licenciamento.

Os conselhos do Deco Proteste, embora úteis, chegam muitas vezes tarde demais. Os consumidores só procuram ajuda quando já estão metidos em problemas, quando a prevenção seria muito mais eficaz. A educação financeira e jurídica sobre o mercado imobiliário deveria começar muito antes da primeira visita a um imóvel.

A solução? Transparência radical. Os portais imobiliários precisam de assumir maior responsabilidade pela informação que publicam. Listas de verificação obrigatórias, fotografias de áreas problemáticas e alertas sobre custos ocultos poderiam transformar completamente a experiência de compra. Os portugueses merecem saber exactamente no que se estão a meter quando investem as suas poupanças de uma vida.

Enquanto isso, o meu conselho é simples: desconfiem das aparências. Por detrás de cada casa perfeita nos anúncios online, há uma história real que vale a pena descobrir antes de assinar qualquer contrato. A vossa casa dos sonhos não deve tornar-se no vosso pior pesadelo.

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