O lado negro dos créditos: como os bancos lucram com as dívidas dos portugueses

O lado negro dos créditos: como os bancos lucram com as dívidas dos portugueses
Num país onde o endividamento das famílias atinge níveis alarmantes, uma investigação aprofundada revela mecanismos obscuros por trás da indústria do crédito. Enquanto os portugueses lutam para pagar empréstimos, os bancos continuam a registar lucros recorde. Esta é a história que não querem que você leia.

Os dados do Banco de Portugal mostram que o crédito às famílias ultrapassa os 120 mil milhões de euros. Um valor astronómico que esconde práticas questionáveis na concessão de empréstimos. Através de fontes internas do setor bancário, descobrimos que a pressão para vender produtos de crédito leva a que muitos consultores ignorem critérios básicos de análise de risco.

As taxas de spread praticadas pelos bancos portugueses estão entre as mais elevadas da Europa. Enquanto na Alemanha ou na Holanda os spreads rondam os 1%, em Portugal facilmente ultrapassam os 3%. Esta diferença representa milhões de euros em lucros adicionais para a banca, pagos diretamente do bolso dos consumidores.

As comissões e encargos escondidos constituem outra faceta preocupante. Seguros de vida obrigatórios, comissões de manutenção de conta e taxas de processamento que somam centenas de euros anuais. Muitos clientes só descobrem estes custos quando já estão presos ao contrato.

A rotatividade de créditos entre instituições financeiras tornou-se um negócio lucrativo. Bancos vendem carteiras de empréstimos a fundos de investimento, que depois aplicam métodos agressivos de cobrança. Os devedores tornam-se mercadoria num mercado paralelo pouco regulado.

As Fintechs emergiram como alternativa, mas será que são realmente diferentes? A nossa investigação revela que muitas destas empresas operam com modelos de negócio semelhantes aos bancos tradicionais, usando algoritmos que podem discriminar certos grupos populacionais.

O drama humano por trás dos números é avassalador. Famílias inteiras destruídas pelo peso das dívidas, reformados que perdem as suas casas, jovens condenados a décadas de pagamentos. Histórias que nunca aparecem nos relatórios trimestrais dos bancos.

A regulação mostra-se insuficiente face à complexidade dos produtos financeiros. O Banco de Portugal admite dificuldades em acompanhar a inovação do setor, enquanto as queixas dos consumidores se acumulam.

As soluções existem, mas exigem coragem política. Limites às taxas de juro, transparência total nos contratos e educação financeira desde a escola. Medidas simples que poderiam prevenir milhares de dramas pessoais.

Enquanto isso, a máquina do crédito continua a girar, alimentada pela necessidade e pela falta de alternativas. Uma realidade que desafia a noção de que o sistema financeiro serve primeiro as pessoas.

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