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O boom da energia solar em Portugal: como os painéis fotovoltaicos estão a transformar o setor energético

Nos últimos anos, Portugal tem assistido a uma revolução silenciosa nos telhados, quintas e parques industriais. O que começou como um nicho de ecologistas e early adopters transformou-se num movimento massivo que está a redefinir a forma como produzimos e consumimos energia. Os números não mentem: em 2023, a capacidade solar instalada no país ultrapassou os 2,6 GW, um crescimento de mais de 40% face ao ano anterior.

Esta explosão solar não é obra do acaso. Resulta de uma conjugação única de fatores: preços dos painéis em queda livre, incentivos governamentais ambiciosos e uma consciência ambiental que deixou de ser alternativa para se tornar mainstream. As famílias portuguesas descobriram que podem poupar até 70% na fatura da luz enquanto reduzem a sua pegada carbónica.

O setor empresarial não ficou atrás. Grandes superfícies comerciais, fábricas e até explorações agrícolas estão a cobrir os seus telhados com painéis, transformando custos fixos em investimentos rentáveis. O retorno médio do investimento situa-se agora entre 4 a 6 anos, um horizonte temporal que faz brilhar os olhos a qualquer CFO.

Mas a verdadeira revolução está a acontecer nas comunidades energéticas. Pequenas localidades estão a unir-se para criar micro-redes solares, partilhando a energia produzida e criando resiliência face às flutuações do mercado. Em Alentejo, uma cooperativa solar abastece 300 famílias a preços 20% abaixo do mercado convencional.

Os desafios, contudo, persistem. A rede elétrica nacional, desenhada para um modelo centralizado de produção, mostra-se por vezes incapaz de absorver toda a energia solar produzida em picos de produção. Os tempos de espera para ligação à rede chegam a ser superiores a 12 meses em algumas regiões, travando o potencial crescimento.

A indústria nacional de componentes solares tenta acompanhar o ritmo, mas a concorrência chinesa é avassaladora. Enquanto Portugal importa 85% dos painéis que instala, pequenas fábricas nacionais especializam-se em nichos como os sistemas de montagem ou soluções para património histórico.

O armazenamento emerge como o próximo grande desafio. As baterias domésticas ainda representam um investimento significativo, mas os preços caíram 60% nos últimos três anos. Combinadas com carregadores para veículos elétricos, estão a criar lares verdadeiramente autossuficientes.

O futuro parece radiante. Os especialistas preveem que até 2030, a solar poderá representar 30% do mix energético nacional, ultrapassando a hídrica e aproximando-se da eólica. Esta transição não é apenas técnica – é social, económica e, acima de tudo, cultural.

Portugal descobriu que o seu maior recurso natural não está no subsolo, mas no céu. E está a aprender a colhê-lo como nunca antes.

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