Seguros automóvel: o que as seguradoras não contam sobre os preços em Portugal
Os portugueses pagam alguns dos seguros automóvel mais caros da Europa, mas poucos sabem realmente porquê. Enquanto a média europeia ronda os 400 euros anuais, em Portugal facilmente se ultrapassam os 600 euros para um condutor médio. A justificação habitual recai sobre a sinistralidade, mas a verdade esconde nuances que as seguradoras preferem não destacar.
A investigação revela que o cálculo do prémio vai muito além da história do condutor ou do modelo do carro. Factores como o código postal, a profissão e até o estado civil pesam decisivamente na equação. Um médico no centro de Lisboa paga menos que um empregado de mesa em Setúbal, mesmo com idades e veículos idênticos. A discriminação geográfica é uma realidade silenciosa no sector.
Os algoritmos das seguradoras tornaram-se caixas negras onde se escondem critérios questionáveis. A inteligência artificial analisa padrões de consumo, hábitos de condução através de apps e até redes sociais para definir perfis de risco. Um like numa página de automobilismo pode aumentar a sua apólice em 5%. A privacidade tornou-se moeda de troca para prémios mais baixos.
A falta de transparência nos critérios de cálculo mantém os consumidores numa posição frágil. Enquanto na Alemanha ou Holanda as tabelas de risco são públicas, em Portugal são segredo comercial. As seguradoras argumentam que a divulgaria prejudicaria a concorrência, mas especialistas apontam que esconde margens de lucro acima da média europeia.
As coberturas opcionais representam outro campo minado. Muitos condutores pagam por protecções desnecessárias ou redundantes porque não compreendem a letra pequena. A assistência em viagem, por exemplo, frequentemente duplica serviços já incluídos no seguro básico ou mesmo no cartão de crédito. A venda adicional tornou-se arte.
A franquia é talvez o conceito mais mal compreendido pelos portugueses. Muitos aceitam valores elevados para baixar o prémio mensal, sem perceber que em caso de sinistro podem enfrentar custos superiores ao que pouparam num ano. As seguradoras raramente explicam que a franquia se aplica por evento, não por ano.
A digitalização trouxe novas oportunidades mas também armadilhas. Os comparadores online prometem as melhores ofertas, mas frequentemente recebem comissões das seguradoras que distorcem os resultados. Os primeiros lugares não são necessariamente os mais baratos, mas os que pagam mais aos intermediários. A isenção destas plataformas é ilusória.
Os seguros telematizados (pay-how-you-drive) surgem como alternativa, mas levantam questões éticas. Aceitar uma caixa negra no carro pode baixar o prémio, mas também significa vigilância constante. Os dados recolhidos valem ouro no mercado de informação e podem ser usados para muito mais que calcular seguros.
A regulação do sector mostra lacunas preocupantes. A ASF (Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões) tem poderes limitados para intervir nos preços ou nos critérios de risco. As queixas dos consumidores frequentemente esbarram na argumentação técnica das seguradoras, que sabem que poucos têm recursos para contestar.
As alternativas começam a surgir, mas lentamente. Seguros cooperativos, modelos de franquia flexível e até blockchain prometem revolucionar o mercado. Enquanto isso, o consumidor continua refém de um sistema que fala em personalização mas pratica a segmentação agressiva.
A próxima vez que renovar o seguro, questione cada elemento do preço. Peça explicações detalhadas sobre cada acréscimo, exija transparência nos critérios de risco e compare beyond dos comparadores online. O segredo para pagar menos pode estar em perguntar mais.
A investigação revela que o cálculo do prémio vai muito além da história do condutor ou do modelo do carro. Factores como o código postal, a profissão e até o estado civil pesam decisivamente na equação. Um médico no centro de Lisboa paga menos que um empregado de mesa em Setúbal, mesmo com idades e veículos idênticos. A discriminação geográfica é uma realidade silenciosa no sector.
Os algoritmos das seguradoras tornaram-se caixas negras onde se escondem critérios questionáveis. A inteligência artificial analisa padrões de consumo, hábitos de condução através de apps e até redes sociais para definir perfis de risco. Um like numa página de automobilismo pode aumentar a sua apólice em 5%. A privacidade tornou-se moeda de troca para prémios mais baixos.
A falta de transparência nos critérios de cálculo mantém os consumidores numa posição frágil. Enquanto na Alemanha ou Holanda as tabelas de risco são públicas, em Portugal são segredo comercial. As seguradoras argumentam que a divulgaria prejudicaria a concorrência, mas especialistas apontam que esconde margens de lucro acima da média europeia.
As coberturas opcionais representam outro campo minado. Muitos condutores pagam por protecções desnecessárias ou redundantes porque não compreendem a letra pequena. A assistência em viagem, por exemplo, frequentemente duplica serviços já incluídos no seguro básico ou mesmo no cartão de crédito. A venda adicional tornou-se arte.
A franquia é talvez o conceito mais mal compreendido pelos portugueses. Muitos aceitam valores elevados para baixar o prémio mensal, sem perceber que em caso de sinistro podem enfrentar custos superiores ao que pouparam num ano. As seguradoras raramente explicam que a franquia se aplica por evento, não por ano.
A digitalização trouxe novas oportunidades mas também armadilhas. Os comparadores online prometem as melhores ofertas, mas frequentemente recebem comissões das seguradoras que distorcem os resultados. Os primeiros lugares não são necessariamente os mais baratos, mas os que pagam mais aos intermediários. A isenção destas plataformas é ilusória.
Os seguros telematizados (pay-how-you-drive) surgem como alternativa, mas levantam questões éticas. Aceitar uma caixa negra no carro pode baixar o prémio, mas também significa vigilância constante. Os dados recolhidos valem ouro no mercado de informação e podem ser usados para muito mais que calcular seguros.
A regulação do sector mostra lacunas preocupantes. A ASF (Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões) tem poderes limitados para intervir nos preços ou nos critérios de risco. As queixas dos consumidores frequentemente esbarram na argumentação técnica das seguradoras, que sabem que poucos têm recursos para contestar.
As alternativas começam a surgir, mas lentamente. Seguros cooperativos, modelos de franquia flexível e até blockchain prometem revolucionar o mercado. Enquanto isso, o consumidor continua refém de um sistema que fala em personalização mas pratica a segmentação agressiva.
A próxima vez que renovar o seguro, questione cada elemento do preço. Peça explicações detalhadas sobre cada acréscimo, exija transparência nos critérios de risco e compare beyond dos comparadores online. O segredo para pagar menos pode estar em perguntar mais.