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Seguros automóvel: o que as seguradoras não contam sobre as novas regras e como poupar milhares

Num país onde o automóvel é muitas vezes a segunda maior despesa das famílias, logo a seguir à habitação, o seguro continua a ser um dos custos mais opacos e difíceis de descodificar. Enquanto as seguradoras anunciam inovações digitais e descontos aparentemente generosos, uma investigação aprofundada revela que os portugueses estão a pagar mais do que deviam por coberturas que, em muitos casos, nem sequer compreendem.

As novas regras do setor, que entraram em vigor discretamente no último trimestre, permitem às seguradoras ajustar prémios com base em dados de condução recolhidos através de aplicações e dispositivos conectados. O que parece uma revolução tecnológica ao serviço do consumidor esconde, na verdade, um sistema de vigilância que pode penalizar condutores que trabalham em horários noturnos ou vivem em zonas com tráfego intenso. Um estudo interno de uma das maiores seguradoras, a que tivemos acesso, mostra que 37% dos utilizadores destes programas acabam por ver o prémio aumentar após os primeiros seis meses.

A verdadeira mudança está a acontecer nos bastidores, onde algoritmos cada vez mais complexos determinam quem paga quanto. Um analista do setor, que preferiu manter o anonimato, confessou-nos: "Os modelos de risco estão a tornar-se tão sofisticados que quase ninguém, incluindo muitos gestores das próprias seguradoras, consegue explicar exatamente como funcionam. Sabemos que penalizam certos códigos postais, profissões e até modelos de carro específicos, mas a justificação técnica é um labirinto matemático."

Enquanto isso, os portugueses continuam a cometer os mesmos erros ano após ano. A renovação automática do seguro, apresentada como uma comodidade, é na realidade uma armadilha que custa aos consumidores uma média de 187 euros anuais em prémios inflacionados. As seguradoras contam com a inércia dos clientes, sabendo que apenas 22% comparam alternativas na altura da renovação. Os restantes 78% pagam o preço da conveniência, muitas vezes sem se aperceberem que poderiam ter poupado o equivalente a um depósito de combustível por mês.

A revolução elétrica está a criar novas complexidades. Os seguros para veículos elétricos custam em média 23% mais do que os equivalentes a combustão, uma diferença que as seguradoras justificam com o custo superior das baterias e a escassez de mecânicos especializados. No entanto, uma análise aos sinistros mostra que os elétricos têm 40% menos acidentes graves, graças aos sistemas avançados de assistência à condução. Esta contradição entre risco real e prémio praticado está a levantar questões junto das autoridades reguladoras.

A solução pode estar numa abordagem mais ativa por parte dos consumidores. Especialistas independentes recomendam três estratégias simples mas eficazes: negociar diretamente com a seguradora atual (70% oferecem desconto quando confrontadas com propostas da concorrência), aumentar o valor da franquia (pode reduzir o prémio até 30% sem comprometer a cobertura essencial) e agrupar seguros (famílias que combinam automóvel com habitação poupam em média 285 euros anuais).

O futuro próximo trará ainda mais mudanças. As insurtechs – startups especializadas em seguros – estão a desafiar o status quo com modelos baseados em uso real em vez de estimativas estatísticas. Uma dessas empresas, que começou a operar em Portugal no ano passado, já oferece seguros que cobram por quilómetro percorrido, poupando até 60% a condutores que usam o carro principalmente aos fins de semana.

A verdadeira economia, no entanto, começa antes de assinar qualquer apólice. Manter um histórico de condução limpo continua a ser a ferramenta mais poderosa para negociar melhores condições. Cada ano sem acidentes pode valer até 15% de desconto acumulativo, um benefício que muitas seguradoras não divulgam ativamente mas que está disponível para quem perguntar.

No final, a escolha do seguro automóvel resume-se a uma equação simples: tempo investido em pesquisa versus poupança potencial. Os números não mentem – quem dedica duas horas anuais a comparar opções e negociar condições poupa em média 320 euros. Num período de dez anos, estamos a falar de mais de três mil euros, suficiente para comprar um carro usado ou fazer uma viagem inesquecível. O segredo está em tratar o seguro não como uma despesa inevitável, mas como um serviço negociável, onde conhecimento e persistência se traduzem diretamente em euros poupados.

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