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Seguros automóvel: o que as seguradoras não contam sobre as novas regras e como poupar centenas de euros

A revolução silenciosa no setor dos seguros automóvel está a acontecer debaixo dos nossos narizes. Enquanto os portugueses se preocupam com o preço dos combustíveis e as filas nas oficinas, as seguradoras preparam mudanças profundas que vão alterar radicalmente a forma como protegemos os nossos veículos. As novas regras, que começam a ser implementadas este ano, prometem mais transparência, mas escondem armadilhas que podem custar caro aos consumidores desatentos.

A primeira grande mudança está relacionada com a telemetria. Aqueles pequenos dispositivos que monitorizam a forma como conduzimos já não são apenas uma ferramenta para jovens condutores obterem descontos. As seguradoras estão a usar os dados recolhidos para criar perfis de risco cada vez mais detalhados. O problema? Muitos condutores não sabem que os seus dados de condução podem ser usados para aumentar os prémios, não apenas para os baixar. Um estudo recente revelou que 30% dos utilizadores de dispositivos de telemetria viram os seus seguros subir após o primeiro ano, apesar de terem uma condução considerada segura.

A digitalização completa dos processos é outra tendência irreversível. As apólices em papel estão condenadas à extinção, e com elas desaparecem algumas proteções que os consumidores nem sabiam que tinham. A possibilidade de negociar cláusulas específicas, por exemplo, torna-se cada vez mais rara quando tudo é tratado através de plataformas automatizadas. Os especialistas alertam para o perigo de "contratos clicados" onde o consumidor aceita termos sem os ler completamente.

Mas nem tudo são más notícias. A concorrência feroz no mercado português está a forçar as seguradoras a oferecer serviços adicionais que há cinco anos seriam impensáveis. Assistência em viagem 24 horas, proteção para dispositivos eletrónicos deixados no carro, e até seguros de curta duração para empréstimos de veículos são algumas das novidades que começam a aparecer. O segredo está em saber procurar e negociar.

A verdadeira revolução, porém, está nos seguros por uso. Este modelo, já popular noutros países europeus, começa finalmente a ganhar terreno em Portugal. Em vez de pagar um prémio anual fixo, os condutores pagam apenas pelos quilómetros que realmente fazem. Para quem trabalha a partir de casa ou usa principalmente transportes públicos, a poupança pode chegar aos 40%. Mas atenção: este modelo não é para todos. Quem faz muitas viagens de longa distância pode sair prejudicado.

As coberturas para veículos elétricos são outro ponto quente. Com a explosão das vendas de carros elétricos em Portugal, as seguradoras correm para adaptar as suas ofertas. Os seguros para estes veículos são em média 15% mais caros, mas a justificação nem sempre é clara. A verdade é que a reparação de baterias e sistemas eletrónicos complexos exige especialização que ainda é escassa no mercado português.

E o que dizer das assistências em viagem? Este serviço, outrora um extra luxuoso, tornou-se standard na maioria das apólices. Mas nem todas as assistências são iguais. Algumas seguradoras limitam o número de intervenções anuais ou impõem franquias escondidas nos contratos. A dica dos peritos é simples: peça sempre a lista completa de serviços incluídos e os respetivos limites antes de assinar.

A fraude continua a ser um dos maiores desafios do setor. As seguradoras estimam que 10% dos sinistros apresentados contenham elementos fraudulentos, um custo que acaba por ser repassado a todos os clientes. As novas tecnologias de deteção, incluindo inteligência artificial que analisa padrões suspeitos, estão a tornar mais difícil para os fraudadores, mas também levantam questões sobre privacidade dos dados.

Para o consumidor comum, navegar neste novo mundo dos seguros automóvel pode parecer uma missão impossível. Mas há estratégias simples que podem fazer a diferença. Comparar preços anualmente, mesmo que satisfeito com a seguradora atual, é a primeira regra de ouro. A segunda é nunca renovar automaticamente sem ler as novas condições. A terceira, e talvez mais importante, é perceber que o preço mais baixo nem sempre é o melhor negócio quando se trata de proteger um bem tão valioso como o automóvel.

O futuro dos seguros automóvel em Portugal será moldado por três forças principais: a regulamentação europeia cada vez mais apertada, a pressão dos consumidores por mais transparência, e a inovação tecnológica que promete tornar os seguros mais personalizados e justos. Resta saber se as seguradoras estarão à altura do desafio ou se continuarão a operar na zona cinzenta entre a proteção legítima e o lucro fácil.

Enquanto isso, o conselho mais valioso que qualquer especialista pode dar é este: trate o seu seguro automóvel como um serviço dinâmico, não como um custo fixo. Reavalie, questione, negocie. As centenas de euros que pode poupar anualmente valem bem o tempo investido.

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