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Os segredos que as seguradoras não querem que saiba sobre o seguro automóvel

Imagine que está a conduzir pela autoestrada quando, de repente, o carro à sua frente trava bruscamente. O seu coração acelera, os reflexos entram em ação e, por um triz, consegue evitar o acidente. Mas e se não tivesse conseguido? Quantas vezes já pensou no que realmente está a pagar quando adquire o seu seguro automóvel?

A verdade é que a maioria dos portugueses trata o seguro do carro como uma despesa obrigatória, quase como um imposto. Pagam anualmente, recebem o papel verde e arquivam-no até ao próximo ano. Poucos se dão ao trabalho de ler as letras pequenas, de compreender as exclusões, de questionar os valores. E é precisamente nesta zona de conforto que as seguradoras prosperam.

Vamos começar pelo básico: o que significa realmente ter uma franquia de 150 euros? Muitos condutores pensam que é apenas o valor que terão de pagar em caso de sinistro. A realidade é mais complexa. A franquia aplica-se apenas aos danos próprios, não aos danos causados a terceiros. E aqui reside o primeiro segredo: em muitos casos, pagar do próprio bolso pequenos riscos e amolgadelas sai mais barato do que acionar o seguro e ver o prémio aumentar no ano seguinte.

Os especialistas com quem conversámos revelam que o sistema de bonificação-malus – aquele que determina o desconto ou agravamento do prémio consoante os sinistros – é uma das ferramentas mais poderosas das seguradoras. Um único acidente pode fazer com que perca anos de descontos acumulados. E o pior? Muitas vezes, o agravamento durante os anos seguintes supera em muito o valor que receberia pela reparação.

Mas há mais. Sabia que o local onde estaciona o seu carro durante a noite pode influenciar em até 30% o valor do seu prémio? As seguradoras utilizam algoritmos sofisticados que analisam desde a densidade populacional da sua área de residência até aos índices de criminalidade do bairro. Um carro estacionado na rua em Lisboa paga significativamente mais do que o mesmo veículo numa garagem privada no interior do país.

E que dizer da idade do condutor? Todos sabemos que os jovens pagam mais, mas poucos compreendem porquê. As estatísticas mostram que os condutores entre os 18 e os 25 anos têm três vezes mais probabilidades de sofrer acidentes graves. No entanto, o que as seguradoras não divulgam é que, a partir dos 65 anos, os prémios voltam a subir discretamente. A justificação? O aumento do tempo de reação e dos problemas de visão associados à idade.

A revolução tecnológica também chegou ao mundo dos seguros, mas nem sempre a favor do consumidor. Muitas seguradoras oferecem descontos para quem instala dispositivos de telemetria no carro – aqueles que monitorizam a condução. O que prometem é uma poupança para quem conduz de forma segura. O que não dizem é que estes dispositivos podem ser usados para recusar indemnizações se detetarem comportamentos de risco momentos antes de um acidente.

Outro aspeto crucial: a viatura de substituição. Muitas apólices prometem este serviço, mas poucos leem as condições. Na maioria dos casos, só tem direito a viatura de substituição se o seu carro ficar imobilizado devido a um sinistro coberto pelo seguro. E mesmo assim, há limites temporais – normalmente 15 a 30 dias – que muitas vezes não chegam para completar as reparações.

E quando chega a hora de fazer uma reclamação? Aqui entramos no território das estratégias de retardamento. Muitas seguradoras treinam os seus peritos para encontrar qualquer detalhe que lhes permita reduzir o valor da indemnização. Desde desgaste normal dos pneus até pequenas avarias pré-existentes, tudo serve para justificar pagamentos menores.

Mas nem tudo são más notícias. Os consumidores portugueses estão cada vez mais informados e exigentes. A digitalização trouxe transparência – é possível comparar dezenas de seguradoras em minutos através de plataformas online. E a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) tem vindo a apertar a fiscalização sobre práticas abusivas.

O segredo para um bom negócio no seguro automóvel? Negociar. A maioria dos portugueses não sabe que pode – e deve – negociar o prémio do seguro. As seguradoras têm margem para descontos, especialmente para clientes com bons históricos. E nunca é demais lembrar: ler a apólice completa antes de assinar não é paranoia – é inteligência.

No final, o seguro automóvel deve ser visto não como uma despesa, mas como um serviço. Um serviço que, quando bem escolhido e compreendido, pode fazer a diferença entre um pequeno aborrecimento e uma catástrofe financeira. A próxima vez que receber a renovação do seguro, não arquive imediatamente. Pergunte, compare, negocie. O seu bolso agradece.

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