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Seguros para animais: o que ninguém te conta sobre proteger o teu companheiro

Quando o Simba, um golden retriever de três anos, precisou de uma cirurgia de emergência após engolir uma bola de ténis, os seus donos enfrentaram uma conta de 2500 euros. A história, comum em consultórios veterinários por todo o país, levanta uma questão que muitos tutores preferem evitar: vale a pena investir num seguro para animais?

A verdade é que a medicina veterinária evoluiu mais nos últimos dez anos do que nos cinquenta anteriores. O que antes era impensável - ressonâncias magnéticas, quimioterapia, próteses personalizadas - tornou-se routine em clínicas especializadas. E com a tecnologia veio o custo. Uma simples fratura pode custar 800 euros, enquanto tratamentos oncológicos facilmente ultrapassam os 3000 euros.

Mas os seguros para animais são mais do que simples proteção financeira. Representam uma mudança cultural na forma como encaramos os nossos companheiros. "Há vinte anos, os animais eram vistos como propriedade. Hoje, são membros da família", explica Dra. Sofia Martins, veterinária há 15 anos. "E como qualquer familiar, merecem cuidados de saúde adequados."

O mercado português oferece opções que vão desde os 10 aos 50 euros mensais, dependendo da raça, idade e coberturas escolhidas. Os planos básicos normalmente incluem acidentes e doenças súbitas, enquanto os mais completos abrangem desde consultas de rotina até tratamentos dentários e fisioterapia.

Porém, existem armadilhas que os tutores devem conhecer. Muitas apólices excluem condições pré-existentes, impõem períodos de carência ou limitam o valor máximo por tratamento. "As letras pequenas podem fazer a diferença entre uma experiência positiva e um pesadelo burocrático", alerta Miguel Santos, corretor de seguros especializado em animais.

A idade do animal é outro fator crucial. Enquanto cães e gatos jovens geralmente têm prémios mais baixos, os séniores enfrentam não só valores mais elevados como restrições na contratação. "O ideal é segurar o animal enquanto é jovem e saudável", recomenda Santos.

Mas os números surpreendem: apenas 8% dos animais de companhia em Portugal têm seguro. Comparado com países como o Reino Unido (25%) ou a Suécia (40%), estamos significativamente atrasados. A razão? "Muitos portugueses ainda veem o seguro como uma despesa desnecessária, até enfrentarem a primeira emergência", analisa a Dra. Martins.

As raças também influenciam dramaticamente os custos. Bulldogs franceses, por exemplo, têm prémios mais elevados devido à sua predisposição para problemas respiratórios. Pastores alemães enfrentam maiores riscos de displasia da anca, enquanto os siameses tendem a desenvolver problemas renais.

Para além das questões financeiras, existe um aspecto emocional frequentemente ignorado. "Ter um seguro permite que os tutores tomem decisões baseadas no bem-estar do animal, não no seu orçamento", observa a psicóloga animal Carla Mendes. "A paz de espírito é um benefício intangível mas valioso."

As seguradoras começam agora a oferecer serviços adicionais que vão além da cobertura médica. Algumas incluem perda e roubo, responsabilidade civil (útil para cães de raças consideradas potencialmente perigosas) e até assistência em viagem.

O futuro promete ainda mais inovações. "Estamos a desenvolver seguros que recompensam tutores por comportamentos preventivos, como vacinas em dia e check-ups regulares", revela um representante de uma seguradora que prefere manter o anonimato.

Enquanto isso, casos como o do Simba continuam a servir de alerta. A sua família, felizmente, tinha investido num seguro completo. "Foi a melhor decisão que tomámos", confessa a dona, Maria João. "Saber que podíamos dar-lhe o melhor tratamento sem pensar no custo foi indescritível."

A lição é clara: num país onde os animais ocupam cada vez mais espaço nos nossos corações e casas, proteger a sua saúde não é luxo - é responsabilidade. E como em qualquer relação de amor, o melhor investimento é aquele que garante mais tempo de qualidade juntos.

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