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Os segredos que os veterinários não contam sobre os custos escondidos dos animais de estimação

Num consultório veterinário discreto na periferia de Lisboa, um husky siberiano chamado Loki espera por tratamento enquanto sua dona, Carla, de 32 anos, segura uma factura que a fez perder a cor. Setecentos euros por uma cirurgia de emergência após o cão ter engolido uma bola de ténis. "Ninguém me avisou que ter um animal podia significar escolher entre a sua vida e as minhas poupanças", confessa, com as mãos a tremer. Esta é a realidade crua que milhares de portugueses enfrentam sem estarem preparados.

A verdade é que a posse responsável de animais vai muito além de ração e trela. Os custos ocultos começam a surgir como fantasmas nos primeiros anos de vida do animal. Vacinas esquecidas, consultas de rotina negligenciadas no orçamento mensal, e depois há as surpresas: alergias alimentares que exigem dietas especiais a preços proibitivos, ou problemas dentários que transformam cada dentada num investimento financeiro.

Investiguei durante semanas clínicas veterinárias por todo o país, e os números são alarmantes. Um cão de médio porte pode custar entre 1200 a 2500 euros por ano em cuidados básicos de saúde, sem contar com emergências. Os gatos, muitas vezes vistos como opção mais económica, escondem armadilhas nos seus rins sensíveis e tendências para doenças urinárias crónicas.

Os seguros para animais surgem como salvação, mas aqui reside outro labirinto. As letras pequenas dos contratos escondem exclusões perversas: raças consideradas de risco, condições pré-existentes não declaradas, e limites anuais que se esgotam num único tratamento de oncologia. Conversei com famílias que pagaram prémios religiosamente durante anos, apenas para descobrirem que a quimioterapia do seu labrador não estava coberta porque o tumor "podia ser hereditário".

A indústria dos seguros pet move-se numa zona cinzenta de regulamentação. Enquanto em países como a Suécia ou o Reino Unido existem directrizes claras sobre o que deve ser coberto, em Portugal cada seguradora dita as suas regras. As apólices mais baratas, aquelas que atraem os donos com orçamentos apertados, são frequentemente armadilhas que cobrem pouco mais que acidentes triviais.

Mas há esperança no horizonte. Novas startups estão a revolucionar o mercado com modelos de subscrição transparentes e coberturas adaptadas às realidades portuguesas. Utilizam tecnologia para personalizar planos conforme a raça, idade e até o código postal do animal, porque um cão no Alentejo tem riscos diferentes de um em Aveiro.

O maior segredo, contudo, não está nas apólices mas na prevenção. Veterinários com quem falei sob condição de anonimato revelaram que 80% das emergências poderiam ser evitadas com check-ups regulares e investimento em nutrição de qualidade. "As pessoas poupam na comida premium mas depois gastam o triplo em diálise renal", confessou um profissional com 30 anos de experiência.

O futuro dos nossos companheiros de quatro patas depende de uma mudança cultural. De deixarmos de ver os cuidados veterinários como luxo e entendê-los como necessidade básica, tal como a educação ou a saúde humana. As novas gerações já mostram esta evolução, procurando informação antes de adquirir um animal e planificando financeiramente para toda a sua vida.

Enquanto isso, Loki recupera da cirurgia, mas a factura da sua dona serviu de alerta para toda a sua comunidade. Criou-se uma vaquinha online que cobriu as despesas, mas nem todos têm redes de apoio tão solidárias. A lição fica: amar um animal é também preparar-se para os custos invisíveis que vêm com cada lambidela e ronronar.

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