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Os segredos que o seu veterinário não lhe conta sobre os planos de saúde animal

Num consultório veterinário em Lisboa, uma mulher segura o seu cocker spaniel enquanto o veterinário desliza um orçamento pela mesa. O valor: 850 euros por uma cirurgia de emergência. A dona, Maria, de 68 anos, olha para o papel com as mãos a tremer. "Não tenho esse dinheiro", sussurra. Esta cena repete-se diariamente em clínicas por todo o país, enquanto as seguradoras de animais domésticos continuam a ser vistas como um luxo desnecessário.

A verdade é que a maioria dos portugueses desconhece os mecanismos por trás dos seguros para animais de estimação. Enquanto nos humanos temos o SNS, os nossos companheiros de quatro patas dependem exclusivamente da nossa capacidade financeira quando a doença bate à porta. E os custos não param de subir: uma consulta de especialidade pode chegar aos 120 euros, uma TAC ultrapassa os 300 euros, e as emergências nocturnas transformam-se em facturas de quatro dígitos.

Mas o que realmente escondem estas apólices? Durante três meses, investiguei o sector dos seguros animais em Portugal, entrevistei veterinários, donos de animais e representantes de seguradoras. Descobri que muitas exclusões estão escritas em letra miúda que ninguém lê. Doenças hereditárias, tratamentos dentários e até algumas vacinas podem não estar cobertas, dependendo do plano escolhido.

A grande armadilha, segundo a Dra. Sofia Martins, veterinária há 15 anos, são os períodos de carência. "Muitas pessoas só procuram o seguro quando o animal já está doente, mas aí é tarde demais. As seguradoras impõem períodos de espera que podem ir até 30 dias para acidentes e 6 meses para doenças", explica enquanto examina um gato siamês na sua clínica no Porto.

Outro aspecto pouco divulgado são os limites anuais de cobertura. Um plano básico pode cobrir apenas 1000 euros por ano – valor que se esgota rapidamente num tratamento mais complexo. E atenção às franquias: algumas apólices exigem que o dono pague os primeiros 50 ou 100 euros de cada tratamento.

Mas nem tudo são más notícias. A competição no sector tem aumentado, com novas seguradoras a entrar no mercado português. Os preços baixaram cerca de 15% nos últimos dois anos, e as coberturas tornaram-se mais abrangentes. Algumas empresas já incluem até consultas de comportamento animal e tratamentos de fisioterapia.

A chave, segundo os especialistas, está em comparar minuciosamente as diferentes opções. "Não se deixem enganar pelo preço mais baixo", alerta Miguel Costa, corretor de seguros especializado em animais. "Leiam as letras pequenas, perguntem sobre as exclusões, e sobretudo, escolham um plano que cubra pelo menos 80% das despesas veterinárias."

Para animais idosos ou com condições pré-existentes, a situação complica-se. Muitas seguradoras recusam-se a aceitar animais com mais de 8 anos, ou cobram prémios proibitivos. A solução? Planos de poupança específicos para saúde animal, ainda pouco conhecidos em Portugal.

O futuro, no entanto, parece promissor. Com cada vez mais portugueses a considerar os animais como membros da família, a procura por proteção financeira aumenta. Algumas seguradoras já testam planos que incluem até creches para cães e hotéis para gatos durante as férias dos donos.

Enquanto isso, Maria encontrou uma solução para o seu cocker: um plano de saúde oferecido pela junta de freguesia local, em parceria com uma clínica veterinária. Paga 15 euros por mês e tem descontos em todos os tratamentos. Não é um seguro completo, mas é melhor que nada. "Agoro durmo descansada", confessa, acariciando as orelhas do seu companheiro.

A lição fica: informem-se antes da emergência chegar. O bem-estar do vosso animal pode depender disso.

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