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O que os tutores de animais de estimação não sabem sobre seguros de saúde animal

Num consultório veterinário de Lisboa, uma cadela da raça Labrador chamada Luna espera por uma cirurgia de urgência. O seu tutor, um reformado de 67 anos, segura nas mãos um orçamento que ultrapassa os dois mil euros. A história, infelizmente comum, levanta uma questão premente: quantos portugueses estão preparados para os custos imprevistos da saúde dos seus companheiros de quatro patas?

A realidade dos seguros para animais de estimação em Portugal permanece um território pouco explorado pela maioria dos tutores. Enquanto nos países nórdicos a taxa de penetração destes seguros ronda os 80%, em Portugal não chega aos 5%. Esta discrepância não se deve apenas a diferenças económicas, mas a um desconhecimento profundo sobre o que estes produtos realmente cobrem e como podem evitar dramas familiares.

Investigações junto de seguradoras nacionais revelam dados surpreendentes: cerca de 30% dos sinistros ocorrem com animais com menos de três anos de idade, desmistificando a crença de que apenas os animais idosos necessitam de cobertura. Acidentes, ingestão de corpos estranhos e doenças hereditárias surgem como as principais causas de intervenção veterinária cara nos primeiros anos de vida.

A complexidade das apólices disponíveis no mercado português merece uma análise detalhada. Existem três modelos principais: o seguro de acidentes, que cobre apenas incidentes traumáticos; o seguro de doença, que inclui tratamentos de patologias; e o seguro completo, que combina ambas as coberturas e pode incluir serviços preventivos. A escolha errada pode significar a diferença entre ter uma despesa coberta ou enfrentar uma factura inesperada.

Um aspecto frequentemente negligenciado pelos tutores são as exclusões das apólices. Doenças pré-existentes, tratamentos dentários de rotina e condições relacionadas com raças específicas costumam ficar de fora da cobertura. Ler as letras pequenas do contrato antes da assinatura transforma-se numa etapa crucial, mas frequentemente ignorada em favor da pressa ou do preço mais baixo.

O mercado português apresenta particularidades interessantes. Seguradoras especializadas oferecem planos que incluem não apenas tratamentos veterinários, mas também serviços como procura e resgate em caso de desaparecimento, assistência em viagem e até aconselhamento nutricional por telefone. Estas funcionalidades adicionais, pouco divulgadas, podem fazer a diferença na escolha entre produtos aparentemente semelhantes.

O custo mensal varia significativamente consoante fatores como a raça, idade, localização geográfica e histórico de saúde do animal. Um gato sem raça definida de três anos pode ter um prémio mensal de 8 euros, enquanto um cão de raça grande com predisposição para problemas articulares pode ultrapassar os 30 euros mensais. A matemática, porém, torna-se clara quando confrontada com uma cirurgia de urgência que pode custar entre 1.500 a 5.000 euros.

Testemunhos recolhidos em clínicas veterinárias de norte a sul do país contam histórias de famílias que tiveram de optar pela eutanásia por incapacidade financeira para tratamentos, enquanto outras, com seguros adequados, puderam proporcionar aos seus animais terapias avançadas como fisioterapia, acupuntura ou mesmo tratamentos oncológicos especializados.

O futuro dos seguros para animais em Portugal aponta para a personalização. Já existem no mercado apólices que utilizam dispositivos de monitorização de atividade para ajustar prémios conforme o estilo de vida do animal, e aplicações que permitem gerir toda a documentação de saúde num único local digital. Esta evolução tecnológica promete tornar os seguros mais acessíveis e adaptados às necessidades reais de cada animal.

A decisão de contratar um seguro para o animal de estimação transcende a mera análise financeira. Representa um compromisso com o bem-estar do companheiro ao longo de toda a sua vida, uma garantia de que, independentemente das circunstâncias, o acesso a cuidados de saúde de qualidade estará assegurado. Num país onde os animais de estimação são cada vez mais considerados membros da família, esta consciencialização marca a diferença entre a posse responsável e a tutela verdadeiramente comprometida.

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