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Seguros em Portugal: o que as seguradoras não querem que saiba sobre coberturas e preços

Num país onde o seguro automóvel é obrigatório e os seguros de saúde se tornaram quase tão essenciais como a electricidade, os portugueses continuam a navegar num mar de dúvidas sobre o que realmente estão a pagar. As apólices, escritas em linguagem jurídica densa, escondem cláusulas que podem fazer a diferença entre estar protegido ou enfrentar uma despesa imprevista colossal.

A verdade é que muitas famílias portuguesas pagam prémios ano após ano sem compreenderem completamente o que cobre o seu seguro. E as seguradoras, por vezes, não se esforçam para clarificar. "Há uma assimetria de informação gritante entre as companhias de seguros e os segurados", confessa-nos um antigo gestor de uma grande seguradora que preferiu manter o anonimato. "Muitas pessoas assinam contratos sem ler as letras pequenas e depois surgem os problemas."

Os seguros de saúde são talvez os mais complexos. Com preços que variam centenas de euros entre as diferentes operadoras, os portugueses enfrentam um dilema: pagar menos e arriscar coberturas limitadas ou investir mais do que podem para ter a paz de espírito de estar bem protegido. O que poucos sabem é que negociar o prémio do seguro é possível, especialmente se tiver um histórico de sinistros reduzido.

A digitalização trouxe novas oportunidades, mas também novos riscos. As apólices online, apesar de mais baratas, podem não cobrir situações específicas que apenas um mediador de seguros experiente consegue antever. "Há clientes que compram seguros pela internet e depois descobrem que não têm cobertura para danos causados por fenómenos climáticos extremos, que são cada vez mais frequentes", explica Maria Santos, mediadora de seguros com 25 anos de experiência.

O mercado segurador português está em transformação. As insurtechs – startups de seguros – estão a desafiar as tradicionais com produtos mais flexíveis e preços competitivos. No entanto, a regulamentação ainda não acompanhou totalmente esta evolução, deixando os consumidores num terreno algo pantanoso.

A inflação também está a afectar o sector. Os prémios dos seguros têm subido acima da inflação, reflectindo o aumento dos custos de reparação e dos valores dos sinistros. "Os portugueses estão a pagar mais por seguros que, em muitos casos, cobrem menos", alerta um analista do sector que acompanha a evolução dos preços.

Para os mais jovens, o desafio é duplo: além de compreenderem a complexidade dos produtos, têm de lidar com orços mais apertados. Muitos optam por seguros com franquias elevadas para baixar o prémio, sem perceberem que podem estar a assumir um risco financeiro significativo em caso de sinistro.

A supervisão do Banco de Portugal e da ASF (Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões) tem-se intensificado, mas os consumidores precisam de ser mais proactivos. Pedir várias propostas, comparar coberturas e não ter receio de questionar são passos essenciais para garantir que se está realmente protegido.

O futuro dos seguros em Portugal passará inevitavelmente pela personalização. Já existem seguros que ajustam o prémio consoante os quilómetros percorridos ou que oferecem descontos para quem pratica exercício físico regularmente. Esta tendência promete produtos mais justos, mas exige que os consumidores estejam ainda mais informados.

Numa altura em que a incerteza económica paira sobre muitas famílias portuguesas, compreender os seguros que se contratam deixou de ser um luxo para se tornar uma necessidade. A literacia financeira, incluindo a compreensão dos produtos seguradores, é fundamental para tomar decisões informadas que protejam o património e a saúde das famílias.

O segredo para um bom seguro não está necessariamente no preço mais baixo, mas na adequação da apólice às reais necessidades de cada pessoa ou família. E isso exige tempo, paciência e, acima de tudo, informação transparente que muitas vezes não é fácil de obter.

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