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O futuro dos seguros em Portugal: como a tecnologia está a revolucionar a proteção pessoal e familiar

Nos últimos anos, o setor segurador português tem vivido uma transformação silenciosa mas profunda. Enquanto os consumidores se debatem com as subidas de prémios e a complexidade dos produtos, as seguradoras nacionais estão a investir milhões em inteligência artificial, big data e soluções digitais que prometem redefinir completamente a forma como nos protegemos contra imprevistos.

A revolução começa nos telemóveis. Aplicações que monitorizam os nossos hábitos de condução, sensores domésticos que detetam fugas de água antes que se tornem inundações, e wearables que analisam os nossos padrões de saúde estão a criar um novo paradigma: seguros personalizados, dinâmicos e preventivos em vez de meramente reativos.

Esta mudança não é apenas tecnológica - é cultural. As novas gerações, habituadas a serviços sob demanda e personalização extrema, já não se contentam com as apólices tradicionais. Exigem transparência, flexibilidade e, acima de tudo, valor tangível. As seguradoras que não se adaptarem arriscam-se a tornar-se irrelevantes num mercado cada vez mais competitivo.

Os dados mostram uma realidade fascinante: enquanto o número total de apólices mantém relativa estabilidade, o valor dos prémios tem crescido consistentemente acima da inflação. Este paradoxo explica-se pela sofisticação crescente dos produtos e pela incorporação de coberturas que há uma década seriam impensáveis, desde proteção contra ciberataques até assistência em viagem para destinos exóticos.

A regulamentação tem corrido atrás da inovação. A ASF (Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões) tem tido o delicado equilíbrio de estimular a competitividade do setor enquanto protege os consumidores de práticas potencialmente discriminatórias ou invasivas da privacidade.

O teletrabalho veio acrescentar outra camada de complexidade. Milhares de portugueses descobriram que as suas apólices habitacionais não cobriam adequadamente a atividade profissional em casa, enquanto as seguradoras se viram forçadas a repensar os modelos de risco para um país onde o escritório se fundiu com a sala de estar.

As alterações climáticas representam talvez o maior desafio - e oportunidade - para o sector. Os eventos climáticos extremos tornaram-se mais frequentes e devastadores, forçando um recalibramento completo dos modelos de cálculo de risco. Seguros agrícolas, proteção contra cheias e coberturas para energias renováveis estão na linha da frente desta adaptação forçada.

A digitalização trouxe também novos riscos. O cibercrime cresce a um ritmo alarmante, e tanto particulares como empresas estão cada vez mais conscientes da necessidade de proteção específica contra este tipo de ameaças. As seguradoras respondem com produtos cada vez mais especializados, mas a literacia digital dos consumidores ainda não acompanha totalmente esta evolução.

O mercado português mantém características peculiares. A propensão para poupar através de produtos de capitalização, a forte presença de seguradoras ligadas a grupos bancários e a relativa aversão ao risco da população criam um ecossistema único na Europa. Estas particularidades tornam a adaptação aos novos tempos tanto mais desafiantes quanto interessantes.

O futuro aponta para seguros modulares, onde cada consumidor monta a sua proteção como um menu à la carte, pagando apenas pelo que realmente precisa e valoriza. A blockchain promete revolucionar a gestão de sinistros, reduzindo drasticamente os tempos de processamento e eliminando fraudes.

Para o consumidor final, a mensagem é clara: informar-se nunca foi tão importante. Compreender as cláusulas, comparar produtos além do preço e exigir transparência são armas essenciais num mercado em rápida mutação. A educação financeira - incluída a seguradora - torna-se cada vez mais uma competência de cidadania.

As seguradoras que sobreviverem e prosperarem nesta nova era serão aquelas que entenderem que já não vendem simplesmente proteção contra o azar, mas sim paz de espírito e capacidade de resiliência. Num mundo cada vez mais imprevisível, esse pode ser o produto mais valioso de todos.

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