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O futuro dos seguros em Portugal: como a tecnologia está a revolucionar a proteção

Nos últimos anos, o setor segurador português tem vivido uma transformação silenciosa mas profunda. Enquanto os consumidores se debatem com subidas de prémios e coberturas cada vez mais complexas, as seguradoras nacionais estão a investir milhões em inteligência artificial, big data e soluções digitais que prometem redefinir completamente a forma como nos protegemos contra imprevistos.

A revolução começa nos dados. As companhias de seguros estão a utilizar algoritmos sofisticados para analisar padrões de comportamento, hábitos de consumo e até informações partilhadas nas redes sociais. Esta mineração de dados permite criar perfis de risco mais precisos, oferecendo prémios personalizados que recompensam comportamentos preventivos. Um condutor que evita trajetos perigosos ou um proprietário que instala sistemas de segurança pode agora beneficiar de descontos significativos.

Os seguros paramétricos emergem como uma das inovações mais disruptivas. Diferente dos modelos tradicionais que exigem avaliações demoradas de sinistros, estes produtos ativam-se automaticamente quando ocorrem eventos específicos medidos por indicadores objetivos. Uma tempestade com ventos superiores a 100 km/h ou um sismo acima de 5.0 na escala Richter podem desencadear pagamentos imediatos, eliminando burocracias e acelerando a assistência às vítimas.

A internet das coisas está a criar seguros verdadeiramente interativos. Sensores em casas inteligentes monitorizam fugas de água em tempo real, dispositivos nos automóveis analisam a forma de condução e wearables acompanham indicadores de saúde. Esta conectividade constante permite não apenas prevenir sinistros, mas também adaptar as coberturas dinamicamente conforme mudam as circunstâncias de vida dos segurados.

O blockchain está a trazer transparência a um setor historicamente opaco. Contratos inteligentes executam-se automaticamente quando as condições pré-definidas são cumpridas, reduzindo litígios e acelerando indemnizações. Esta tecnologia permite ainda criar registos imutáveis de históricos de sinistros, combatendo fraudes que custam milhões anualmente às seguradoras e, consequentemente, a todos os consumidores.

As insurtechs portuguesas estão na vanguarda desta transformação. Startups como a DefinedCrowd, a Feedzai e a Sword Health desenvolveram soluções que desde a deteção de fraudes em tempo real até à reabilitação virtual de pacientes. Estas empresas captaram investimento internacional significativo, demonstrando o potencial de Portugal como hub de inovação em seguros na Europa.

Os desafios regulatórios são, no entanto, significativos. A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) tem de equilibrar a promoção da inovação com a proteção dos consumidores. Novas questões éticas surgem: até que ponto as seguradoras podem usar dados pessoais? Como evitar discriminação algorítmica? Que garantias existem contra violações de privacidade?

Os consumidores mostram-se divididos entre o entusiasmo pelas novas possibilidades e o cepticismo face à perda de privacidade. Um estudo recente da DECO revela que 68% dos portugueses receiam que os dados recolhidos pelas seguradoras sejam usados para aumentar prémios injustamente, enquanto 45% admitem estar dispostos a partilhar informações em troca de descontos relevantes.

O mercado laboral sofre igualmente transformações profundas. Perfis tradicionais como avaliadores de sinistros ou mediadores de seguros estão a ser substituídos por cientistas de dados, especialistas em cibersegurança e designers de experiência do utilizador. As seguradoras tradicionais enfrentam o dilema de modernizar-se rapidamente ou arriscar a irrelevância.

A sustentabilidade tornou-se um driver fundamental de inovação. Seguros verdes que promovem energias renováveis, agricultura biológica e construções ecoeficientes ganham terreno rapidamente. O prémio português de inovação em seguros atribuído recentemente a uma solução de proteção de cultivos sustentáveis demonstra esta tendência.

O futuro próximo trará seguros sob medida, onde cada pessoa pagará exatamente pelo risco que representa, com coberturas adaptadas em tempo real. Esta hiperpersonalização promete maior justiça nos preços, mas exige níveis de transparência sem precedentes sobre como são calculados os prémios.

Os seguros deixaram de ser produtos estáticos para se tornarem serviços dinâmicos que evoluem com os seus utilizadores. Esta mudança paradigmática exige que consumidores, reguladores e empresas repensem completamente o conceito de proteção no século XXI.

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