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O lado oculto da contratação de serviços domésticos em Portugal: o que as plataformas não contam

Quando abrimos uma aplicação para contratar um canalizador, um eletricista ou um jardineiro, parece que estamos a entrar num mundo de soluções instantâneas. As promessas são tentadoras: profissionais verificados, orçamentos transparentes, avaliações de clientes. Mas o que realmente se esconde por trás desta aparente simplicidade?

A investigação revela que muitas destas plataformas operam com sistemas de classificação que podem ser facilmente manipulados. Um profissional pode ter cinco estrelas não necessariamente pela qualidade do seu trabalho, mas por saber jogar com o sistema - seja através de avaliações falsas ou pressionando clientes para classificações positivas. A verdadeira experiência só se revela quando algo corre mal, e aí descobrimos que os mecanismos de resolução de conflitos são frequentemente lentos e burocráticos.

Outro aspecto pouco discutido é a precarização que estas plataformas podem criar para os profissionais. Muitos trabalhadores independentes são forçados a aceitar comissões elevadíssimas, por vezes até 30% do valor do serviço, enquanto têm de suportar todos os custos dos seus equipamentos e deslocações. Esta realidade contrasta fortemente com a imagem de modernidade e eficiência que as empresas projetam.

A questão da responsabilidade civil é igualmente nebulosa. Quando um eletricista contratado através de uma destas plataformas causa danos numa habitação, quem responde? As empresas frequentemente escondem-se atrás de cláusulas contratuais que as tornam meras intermediárias, transferindo toda a responsabilidade para o profissional e o cliente. Esta falta de accountability pode deixar os consumidores numa situação vulnerável.

A forma como os algoritmos funcionam também merece escrutínio. Profissionais que pagam por publicidade premium aparecem sempre no topo das pesquisas, independentemente da sua real qualidade ou experiência. Isto cria um ambiente onde o marketing supera o mérito, prejudicando tanto os bons profissionais que não podem pagar por visibilidade como os consumidores que não acedem às melhores opções.

A falta de regulamentação específica para este setor é alarmante. Enquanto os serviços tradicionais estão sujeitos a inspeções e regulamentações rigorosas, o mundo digital opera num vácuo legal que deixa os consumidores desprotegidos. As plataformas aproveitam-se desta lacuna para criar modelos de negócio que priorizam o lucro sobre a qualidade e segurança.

A solução não passa por rejeitar a tecnologia, mas por exigir transparência e responsabilidade. Os consumidores precisam de ferramentas para fazer escolhas informadas, os profissionais merecem condições justas de trabalho, e as plataformas devem ser responsabilizadas pelas suas práticas. Só assim poderemos verdadeiramente beneficiar da conveniência que a tecnologia promete, sem sacrificar a qualidade e a segurança.

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